Enfrente e cruze a vindima deste ano para as adegas e viticultores da Terra Alta. A seca severa e a baixa pluviosidade farão com que a produção de uva caia entre 25 e 30% em números globais, mas nas fazendas de sequeiro a queda é muito mais ousada e já ultrapassou os 50%. Por outro lado, porém, a qualidade das uvas que já deram entrada nas adegas e cooperativas é muito elevada e espera-se que a vindima deste ano se distinga pelas propriedades dos vinhos.
A vindima vive os seus últimos dias na Terra Alta, onde já são colhidas as variedades mais recentes, como é o caso da Carinyena, uma das castas tradicionais da região. A colheita começou em meados de agosto – nos últimos anos tem avançado devido ao aumento das temperaturas – com variedades brancas precoces, como Chardonnay ou Sauvignon Blanc. Já no final de agosto foi a vez da Grenache branca, a casta mais emblemática da Denominação de Origem Terra Alta, que representa quase um terço da produção mundial.
Em todas as variedades, porém, a produção foi reduzida devido à falta de chuvas e à seca. O secretário do DO Terra Alta, Jordi Rius, garante que, entre outubro de 2023 e agosto deste ano, caíram em média cerca de 250 litros por metro quadrado, um número “muito baixo”Em comparação com anos com chuvas normais, quando podem cair cerca de 450 ou 500 litros nestes onze meses. “Chove durante metade do ano e isso tem tido um grande impacto em todas as castas, e não só nas uvas, mas em todas as culturas da zona, que têm sido prejudicadas por esta falta de precipitação.”, garante Rius. Estima-se que serão colhidos cerca de 28 milhões de quilos de uvas este ano, quando “numa colheita considerada normal pode chegar a 38 ou 40 milhões de quilos”, detalha Rius. A queda, aliás, já começou no ano passado, quando foram colhidos 36 milhões de quilos.
No entanto, as análises das uvas deste ano trouxeram boas notícias para os viticultores de Terraltina. “O estado fitossanitário é muito bom, esperando-se vinhos de excelente qualidade“, garante o secretário. Isto permitirá às adegas produzir vinhos de elevada qualidade, especialmente nas castas tradicionais da Terra Alta. O DO recomenda cinco variedades específicas: Grenache branco, Grenache fino, Grenache peludo, Cariyena e Macabeu. No entanto, existem também outras castas como a syrah, de origem francesa, mas que se adaptou muito bem ao terreno e ao clima da Terra Alta, e que permite também produzir vinhos de elevada qualidade.
Por outro lado, o morenillo também é uma casta recuperada na região e que faz parte do leque de castas tradicionais da Terra Alta. “É uma casta recentemente autorizada e é um tipo de uva que dá muita identidade aos vinhos e os distingue.”, enfatiza Rius. “É um dos objetivos e qualidades da DO, produzir vinhos com essência própria e que se diferenciem dos restantes, com aromas e nuances exclusivos e que marquem a sua própria identidade.“, acrescenta.
Nos próximos dias, prevê-se que sejam feitas obras nas últimas quintas da Terra Alta, e que os últimos cachos de uvas cheguem às adegas e cooperativas para iniciar todo o processo de elaboração dos novos vinhos desta colheita.
Com o encerramento da vindima chega também uma das alturas mais recomendadas para visitar as adegas da região. Depois de colhidas as uvas e iniciado a elaboração dos primeiros vinhos, é um bom momento para observar como se inicia o processo de produção e também para provar os mostos ou os primeiros vinhos jovens. O enoturismo tornou-se uma das grandes atrações da região, especialmente nos meses de outono, quando as uvas acabam de ser vindimadas, e também durante a Páscoa. Através do site turístico do Conselho Regional da Terra Alta poderá conhecer a vasta oferta e as diferentes propostas de enoturismo que podem ser desfrutadas nas localidades da Terra Alta.
Um declínio em todo o país
Os efeitos da seca dizimaram a produção de uvas nas Terras Altas, mas também em todo o país. Segundo o Sindicato dos Agricultores, a redução total pode ser de 40%, em comparação com uma campanha normal para todas as denominações de origem catalãs. Segundo dados sindicais, as DO mais afetadas podem ser as duas de Priorat, a DOQ de Priorat e também a DO de Montsant, que se estende também às explorações agrícolas de alguns municípios da Ribera d’Ebre, como Tivissa ou Móra la Nova. A produção pode cair pela metade em comparação com um ano normal.
Noutras denominações de origem, como Costers del Segre, Pla de Bages, Empordà e Penedès, calcula-se também uma quebra de produção no final da colheita, que pode rondar os 40%.
Perante esta situação, os sindicatos já pediram mais apoio às administrações para fazer face aos custos dos aumentos generalizados de preços, especialmente no que diz respeito à luz, combustíveis e água para irrigação. Também instaram as instituições a fornecerem novas ajudas para alargar a irrigação de apoio, a fim de poder fazer face às próximas colheitas, caso as condições climáticas de pouca chuva se repitam e a seca persista. Alertam que outra campanha com baixa produção poderá ter graves efeitos no campo, com o abandono dos campos cultivados.
Batea, o município catalão com mais vinhas
Batea é o município da Catalunha com mais hectares de vinha. Segundo dados do Idescat, Batea lidera o ranking com a área de vinhedos mais registrada no país. Especificamente, são 3.208 hectares, longe da segunda cidade, Lleida, com 1.989, ou da terceira, Font-Rubí (em Alt Penedès), com 1.798. Entre os cinquenta municípios com mais vinha plantada no país estão também Gandesa, em 17.º lugar com 849 hectares; Vilalba dels Arcs, no dia 25, com 678 hectares; Corbera d’Ebre, em 28º lugar, com 596 hectares, e também Bot, em 39º lugar, com 459 hectares. A região com mais municípios entre os cinquenta primeiros é Alt Penedès. Segundo um estudo da State Wine Interprofessional, na Catalunha existem mais de 500 municípios – de um total de 947 – que têm pelo menos um hectare de vinha plantada, o que representa mais de metade da população. O mesmo relatório afirma que a produção de vinha e a vinificação representam 1,6% do PIB da Catalunha.
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